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terça-feira, 13 de novembro de 2012

PROPOSTAS PARA INOVAÇÕES NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

É imprescindível que o professor de Educação Física acredite que o conjunto de posturas e movimentos corporais é constituído de valores representativos de uma determinada sociedade, portanto, atuar no corpo, implica atuar na sociedade, na qual este corpo está inserido. Encaminhando essa discussão para o micro espaço social que é a escola e especificamente, o espaço das aulas de Educação Física, salienta-se que, atualmente, propõe-se como objeto de estudo para a Educação Física na escola a denominada cultura corporal. Por cultura corporal compreende-se todo um acervo de práticas corporais que ao longo do tempo o homem vem criando e modificando,conforme suas necessidades.
E para discutir e pôr em prática na escola as diversas formas em que a cultura corporal se apresenta até o presente momento (os jogos, as ginásticas, as danças, as lutas e os esportes), é necessário discutir alguns pressupostos.
Uma primeira afirmação que soa óbvia, é que a Educação Física escolar deve partir do acervo cultural dos alunos,porque os movimentos corporais que eles possuem,extrapolam a influência da escola, são culturais, portanto,têm significados específicos para diferentes grupos sociais. O professor necessita então, iniciar sua ação pedagógica partindo do acervo de conhecimentos e habilidades de seus alunos e ampliá-los.
Outra discussão sobre as práticas corporais na escola, remete a questões relativas às práticas esportivas. São práticas determinadas culturalmente, que podem fazer parte de um programa de Educação Física, enriquecendo, assim, o acervo cultural dos alunos. Entretanto, a aprendizagem dos gestos esportivos não deve se limitar aos movimentos padronizados ensinados pelo professor, mas devem contemplar a experiência dos alunos e incentivar a sua criatividade e capacidade de exploração. Esta posição não é contrária à utilização das práticas esportivas nas aulas de Educação Física.
Questiona-se tão somente que os movimentos esportivos não podem se tornar uma camisa-de-força que impeça os alunos de expressarem outros movimentos, frutos de histórias de vidas diferentes e de especificidades culturais diferentes. Salienta-se ainda que, trabalhar com práticas corporais nas aulas de Educação Física, vai muito além de simplesmente ensinar as regras e técnicas próprias de cada tema da cultura corporal.
É necessário acima de tudo, contextualizar essa prática à realidade a qual ela se encontra. Por exemplo, durante as aulas problematizar junto aos alunos algumas questões, tais como: quando esta prática corporal foi inventada e porquê? Como chegou ao Brasil? Qual a história de suas técnicas? Como elas podem ser modificadas?A proposta citada será utopia? Será possível? Antes de tudo, há que se acreditar em possibilidades de mudanças. Para isto, é essencial querer, sentir que é necessário fazer algo, sob o perigo de não havendo transformação, apodrecer-se enquanto educador e ser humano.
É possível cada um fazer a sua parte e para tanto, é essencial modificar paradigmas quanto aos objetivos da Educação Física e a função do professor de Educação Física.Para determinar qual a função do Professor de Educação Física há a necessidade de uma definição quanto ao que realmente ele é: educador, técnico, instrutor, psicomotricista, professor de física?
Na escola, geralmente ele é visto ora como uma figura simpática, ora como uma figura rígida, alguns até o denominam um turista na escola, o qual cumpre a sua carga horária e vai embora. Não tem outro vínculo com o trabalho pedagógico geral da escola que vá além daquele momento da aula propriamente dita e invariavelmente, em conseqüência, só é lembrado para atividades extra-aula, quando em períodos de jogos esportivos, festas (“professor, é possível apresentar um número?”) e na famigerada “marcha” do sete de setembro.
Ainda hoje, pode-se constatar que alguns alunos chamam o seu professor de Educação Física de “professor de física”, denominação esta, que devido, principalmente a um tipo de prática, se torna historicamente correta, pois afinal por um longo período de tempo a Educação Física apenas adestrou corpos físicos até a exaustão na busca da melhoria da “raça”, do “homem forte que iria proteger a pátria”, e do “atleta herói!” Exagero? Nem tanto. Infelizmente ainda existem alguns profissionais defendendo práticas pedagógicas de excesso físico e com preocupações exageradas na perfeição de um gesto técnico, que só conseguem ver o ser humano como máquina de resultados, de performance, de medalhas.
Diante da realidade exposta, enfatiza-se a necessidade da modificação em práticas e posturas que não têm mais razão de existir.
A título de considerações finais, serão apresentadas, portanto, algumas propostas, as quais poderão subsidiar inovações pedagógicas ao professor que atua na Educação Física escolar.
Considera-se que o educador da área de Educação Física escolar deve:
• Integrar-se aos outros elementos da equipe educativa para efetivamente participar na construção do projeto da escola;
• Suscitar entre os alunos momentos de debates, dando-lhes espaço para tomadas de decisões acerca do que fazer nas aulas, dando-lhes espaço para perceber realmente o que eles estão fazendo com seus corpos, quais as transformações que ocorrem nas diversas formas de se trabalhar o corpo ao longo do tempo, ou seja, promover espaços de discussão sobre o que se faz nas aulas de Educação Física e que uso pode ser dado às atividades corporais ao longo das suas vidas.
• Buscar respostas para os seguintes questionamentos:
a) Como são os corpos dos meus alunos?
b) O que eles podem fazer com esses corpos?
c) Quais atividades são significativas e prazerosas para eles?
d) Como ampliar as experiências corporais que os alunos já possuem?
e) Como trabalhar os movimentos sem padronizá-los,incentivando a criatividade e capacidade do aluno de explorar suas reais possibilidades corporais?
f) Como desenvolver nos alunos uma cultura de prática de atividades corporais para toda a vida, na perspectiva de melhoria e manutenção da sua saúde?
Se esses aspectos forem objetos de reflexão para o professor e, em conseqüência, trabalhados com os alunos, poder-se-á ter como meta nas aulas de Educação Física, a contínua construção e reconstrução das práticas corporais pelo aluno e professor, ao invés da mera repetição de movimentos padronizados.
O leitor pode estar estranhando a quantidade de questões que foram levantadas neste ensaio, mas a mensagem que fica é justamente a de um espaço para uma profunda reflexão a respeito da prática da Educação Física na escola. Reflexão esta que indique um caminho de renovação, afim de que haja condições de, modificando a prática desta disciplina curricular, esta renasça a partir de uma nova visão acerca das atividades corporais na escola, mais crítica e mais humana.Ressalta-se ainda a necessidade do professor de Educação Física perceber o alcance cultural de sua prática,pois assim, terá mais condições de realizar um trabalho competente e vislumbrar uma prática de Educação Física Escolar que leve à transformação da realidade, permitindo ao homem uma evolução em todos os aspectos, porque o homem,mais do que fruto, é agente de cultura.

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